"Vida, loca vida", por Sarah Gotierre Junkes

 


Em nossa vida trabalhamos por princípios, as escolhas que fazemos nos levara há algum lugar, os pensamentos que temos durante o dia, nos molda. Viver para quem olha de fora é fácil. Vivo nesse mundo e já sei que tem etapas, nós seres humanos construímos etapas para nós e para os outros. Gostamos de acreditar que temos tudo na palma da nossa mão, a sede do poder, do controle.

Desde pequeno, virou hobby planejar nossa vida do começo ao fim, planejamos eventos, datas, o que iremos ser quando crescer; quem nunca disse astronauta. Gostamos de ter tudo planejado, e por mais que você seja aquela pessoa que não liga para o futuro, você um dia já planejou seu amanhã.

A graça nisso tudo é que a vida é imprevisível, você pode planejar o quanto quiser, pode até denominar o seu fim, porém a vida é como uma tempestade, você nunca sabe o grau de impacto que ela faz. As vezes ela derruba uma casa inteira, mas deixa a folha de uma arvore em seu galho. Então caro leitor eu lhe pergunto qual a pressa de planejar a vida sendo que o belo não é planejado, na maioria das vezes?

Como a menina que já sonhou em ser astronauta, eu lhe respondo que não sei, o ser humano é uma incógnita para mim. Porém o que eu tenho em mente é que nós nos apressamos, para tudo. Sempre estamos correndo contra o nosso próprio tempo, que as vezes esquecemos até de respirar. A calmaria nos assusta, nos intimida, o que antes era o normal hoje em dia é o caos. Hoje não vemos mais pessoas, vemos vultos. Esses vultos me lembram a morte. ao longo da nossa vida podemos enfrentar conversas do tipo, “qual situação você acha melhor para morrer?” e você responde que seria melhor morrer com um tiro, rápido, é menos doloroso. No entanto você responde essa pergunta vivo, respirando, pulsando, por que pensar em morte enquanto vivo? Pois gostamos de nos preparar para tudo, eu cheguei à conclusão enquanto escrevo esse singelo texto, que nós planejamos a vida para nós poupar da dor que podemos enfrentar ao longo do caminho de tijolos dourados, para ajudar o homem de lata a encontrar um coração. Uma música do cartola chamada “O mundo é um moinho” me faz refletir muito sobre termos a vida a inteira planejada e querer planejar cada segundo dela.

Um trecho que me toca muito é citado logo no começo da canção: Ainda é cedo amor, mal começastes a conhecer a vida. já anuncias a hora da partida.”

Baseado nesse trecho e nas reflexões feitas acima, eu ainda me pergunto por qual razão queremos nossa vida escrita em um papel, ou planejada na nossa cabeça. Conforme a caminhada, a nossa vida planejada poderá enfrentar problemas, pedras no nosso caminho. Na maioria das vezes nos cobramos mais e mais do porquê enfrentarmos aquele problema sendo que ele não estava previsto, relacionando mais uma vez com a música, estamos cavando nosso próprio abismo com os nossos pés.

A vida ela é única, cada vida vibra diferente, cada vida tem seu cotidiano, então caro leitor fechando nossa conversa, a vida não requer planejamento, a vida requer lembranças, nunca iremos ter tudo na palma da nossa mão, isso não quer dizer que somos incapazes, isso só quer dizer que estamos vivendo sem nos cobrar nem planejar.

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