Amores Platônicos, por Carolina Thomé Testa


Por que às vezes nos apaixonamos por alguém que não podemos ter?

Se apaixonar não é voluntário, não escolhemos como, quando ou com quem o sentimos. A vista disso, algumas pessoas podem ter características que despertam certas sensações, mas, por sua vez, não são correspondidas. O impedimento, pode ser considerado como estimulante e gera que tais pessoas produzam hormônios, as trazendo um certo nível de sentimento favorável referente a tal situação.  Admirar pessoas que conhecemos ao longo da vida, porém que não fazem ideia de nossos sentimentos é extremamente comum. Mais conhecido como amor platônico, esse se caracteriza por um sentimento existente apenas para um dos indivíduos, mas que não tem chance de virar realidade.

Mas porque “Amor Platônico"?

Para conceituar essa sensação desenvolvida, Platão, filósofo e matemático do período clássico da Grécia Antiga, expôs aquilo que seria a sua doutrina sobre o amor, em um dos mais belos textos da literatura mundial, O Banquete. A obra repassa uma festa na casa do famoso poeta, Agatão, que atribui inúmeros elogios a Eros, o deus do amor, onde acreditava-se que o mesmo não havia recebido louvores suficientes dos homens, ainda. De tal maneira, o deus Eros foi situado como o portador de uma força universal que era responsável por criar todos os outros seres, além de um excelente educador. Porém, em contrapartida, em vista de sua beleza e juventude, foi considerado o mais irresponsável, sendo atribuídas características de duplo aspecto.


Sócrates, o qual não possui uma facilidade no diálogo, não sabe enaltecer o deus, mas ainda gostaria de falar sobre ele. A primeira questão colocada foi sobre o que é o amor. Para ele, antes de atribuir características a algo, é preciso saber o que é, antes de dizer se é mau ou bom, se atrapalha ou contribui para a formação das pessoas…

Sócrates estabelece o sentimento de amor como a busca pelo bem e pela perfeição. Segundo ele, quem ama é aquele que deseja algo que não possui,  quando o indivíduo alcança o que quer, ela deixa de desejar. Porém, se ainda se mantém o desejo, a pessoa visa manter o/a cúmplice desejada no futuro, portanto ainda não a/o tem. A partir do sentido que todos são capazes de desejar apenas o melhor, em vista de que ninguém escolhe o mal de forma voluntária, que se criou a ideia de “amor platônico”. Segundo o filósofo, o amor é inalcançável pois só se ama aquilo que não se tem. 


Mas o que conceitua o belo e o bem buscados pelo amor, como afirmado por Platão? 

O amor está totalmente relacionado à sensibilidade e aos desejos humanos. A partir de um corpo, é possível identificar a beleza, e consequentemente, o desejo de nos aproximarmos dele. Ou seja, o desejo por um indivíduo belo é uma forma de eternizar o “corpo” físico. Ter filhos, por exemplo, de forma extremamente clara,  é o modo mais simples de transformar-nos em seres eternos. Porém, quando nos deparamos com outros indivíduos que não nos atraem, o desejo vai embora rapidamente, afirmando que a beleza não está somente no corpo externo. É possível concluir que para Platão, quando alcançamos novas etapas da concepção do belo, passamos a entender a ideia da beleza como uma noção que direciona todas as nossas ações.

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