Estágios da conexão, por Isabella Sandes da Costa

As relações são a parte mais essencial da vida desde a sua origem. Uma vez que um bebe só consegue se desenvolver fisicamente e psicologicamente com uma ligação com a sua mãe. E qualquer interferência que possa acontecer nessa relação afeta toda a personalidade da criança. Após os 4 anos de idade, todas as crianças são estimuladas a iniciar sua vida escolar. Essa introdução vai ser fundamental para a criação de uma vida social, e todo o desenvolvimento que vai ser gerado através da ligação com os seus colegas e com os seus professores. Mais para frente, em sua adolescência é normal que os jovens comecem a desenvolver suas primeiras relações românticas. Essas ligações terão potencial para se tornar as mais profundas de sua vida, já que poderão levar a criação de uma família. Para se criar uma relação romântica exige espaço, esforço, atração e amor. Todavia, para que essa relação funcione em longo prazo é necessário outros fatores, como por exemplo a habilidade de administração dos estilos de vida de cada um, da renda, e por aí vai… O investimento que é necessário no amor muitas vezes faz falta quando se perde. Por isso, ele é visto como um risco. Um coração partido é um preço alto a se pagar. Um coração partido é uma metáfora relacionada a consequência de qualquer relação mal sucedida. Ele representa a quebra do espírito, da fé, e das certezas, isso é muitas vezes o efeito colateral de grandes decepções e frustrações com pessoas que ocupam papéis importantes nas nossas vidas. Você pode ter seu coração partido por um amigo, um familiar ou por seu parceiro. E é um doloroso processo de cura, no qual você precisa se reconhecer sem a presença de uma pessoa. Esse desenvolvimento pode te transformar e te marcar para sempre, gerando traumas que façam você se recusar a tentar uma nova relação ou perder a esperança nelas. Por isso, muitas pessoas se negam a aceitar a falha de uma relação e insistem em laços que mostram constantemente que não tem futuro. A fala: "Você lutou, Você amou, Você perdeu... Siga de cabeça erguida, Torres" retrata perfeitamente os 4 estágios que uma conexão entre dois seres humanos deve ter. Ela é falada pelo personagem Mark Sloan na série Grey 's Anatomy. O cirurgião está dando um conselho a sua grande amiga que está com dificuldade em passar por uma série de desilusões amorosas. A Dra. Torres, a amiga mencionada acima, está quase perdendo toda sua esperança no amor antes de escutar o Dr. Sloan e entender o processo dele. A compreensão é a parte mais essencial, pois todos nós precisamos ser capazes de explicar as nossas relações, os nossos conflitos e os nossos sentimentos. Isso é importante para que a gente nunca perca o controle de nossas vidas. A primeira etapa da frase é lutar. Toda relação se inicia com uma luta, seja ela pequena ou grande, lutamos pela atenção do outro que a longo prazo se tornará uma luta pelo amor. Essa luta são os primeiros passos que você faz seguindo seus sentimentos, exemplo disso são as primeiras conversas, primeiros encontros, e cada avanço de intimidade que você tem dentro de uma relação. Muitas vezes essas ações são feitas de forma inconsciente e nem pensamos nelas como "lutas", talvez para aliviar o peso delas, mas a verdade é que qualquer esforço que você faz se encaixa nessa etapa. A segunda etapa do processo acontece durante a relação, nesse momento a luta da conquista já passou e se inicia a ação do amar. Esse é o momento onde mais do que buscar pelo sentimento do outro você expressa o seu. É a hora de cuidar, de olhar, e de amar. Sem medida, sem condições, é o momento onde você se entrega e se prova presente. Há diversas formas de amar, por isso é difícil exemplificar, mas é sempre essencial que você balanceie o seu jeito de amar com o jeito que o próximo se sente amado. Já que esse é o objetivo, que as pessoas se sintam amadas. A terceira etapa está ligada à última, ela é marcada na frase da seguinte forma: "Você perdeu... Siga de cabeça erguida, Torres". Essa definitivamente é a mais difícil, se trata de aceitar a perda da pessoa amada. Nesse momento sentimentos como a raiva, tristeza e mágoa afloram mais forte do que estamos acostumados a lidar. Nossos pensamentos nos enganam a pensar que todo o esforço feito até o momento foi inválido, o que não é verdade. Todo o esforço fez parte de uma importante experiência, a experiência de se conectar ao próximo, e devem ser levados como aprendizados. A segunda parte da fase foca no futuro. Em poucas palavras ela passa uma clara mensagem, de que você deve se contentar com a sua parte, e as suas ações dentro da relação, e deve seguir. Sua vida não para por um coração partido, e enquanto você continuar caminhando de cabeça erguida sempre terá uma nova pessoa, e uma nova chance de se relacionar. Você deve andar com a cabeça erguida, mesmo quando doer, para ver com clareza todas as oportunidades de novas conexões na sua vida, de novos aprendizados. É difícil racionalizar um processo que tem como base o amor, pois não há nada de racional em amar. Mas considerando que dentro de nossa sociedade se relacionar vai muito além dos sentimentos, e carrega status, responsabilidades, posições sociais e econômicas, devemos refletir e aceitar o equilíbrio entre coração e mente. E devemos usar essa união da forma mais leve e graciosa possível, com a intenção de marcar o próximo sempre com respeito, e nos mantermos firmes durante qualquer processo doloroso, como um coração partido. A vida é uma constante caminhada na busca da plenitude. Se machucar e se apaixonar pelas coisas, pelas pessoas se torna regra a partir do momento que a essência é sentir. Encerrarei minha reflexão com as sábias palavras de Buddha, um grande e eternamente memorável pensador. Ele resume a importância de lidar com os estágios da conexão, os estágios de amar, os estágios de perder, os estágios de viver. Em três etapas deixou uma dica extremamente valiosa para busca da plenitude: "No fim, apenas 3 coisas importam: O quanto você amou, o quão gentilmente você viveu e o quão graciosamente você deixou ir aquilo que não era destinado a você." A graça que ele menciona é a compreensão do processo. Pessoas cruzam a vida das outras pessoas para ensinar, nem sempre é o aprendizado que queremos ou esperamos. Mas a mensagem é maior que isso, é sobre aceitar e se contentar com o que tem, com o que fica, pois de acordo com Buddha isso é o que foi guardado para você, na minha visão é o seu destino. E não existe lugar para corações partidos na plenitude, não se pode andar arrastando a sombra de alguém que já foi amado por você, só se deve levar as memórias, os aprendizados e as cicatrizes de momentos vividos. Aprender a curar um coração partido é um dos grandes pilares da vida. (Foto de Marcos Mayer, fonte: Unsplash)

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